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Capitulo 1 O Inicio
Capitulo 1 O Inicio

"Just give me a reason to keep my heart beating
Don’t worry it’s safe right here in my arms
As the world falls apart around us
All we can do is hold on, hold on"

"Apenas me dê um motivo
Para manter meu coração batendo
Não se preocupe, é seguro bem aqui em meus braços
Enquanto o mundo se desmorona à nossa volta
Tudo o que podemos fazer é segurar, segurar"

–One Ok Rock

The Beginning

 

Ponte do Brooklyn

20 h

A minha situação não é das melhores. Não queria estar neste ônibus, nem nessa ponte e, muito menos, estar voltando à Nova York. Essa tempestade lá fora parece representar muito bem a minha situação atual. Mesmo as boas memórias que eu tenho dessa cidade, do Empire State, de brincar com os meus pais no Central Park, tudo isso só me joga na cara que todos esses momentos felizes acabaram e que eu tenho que voltar aqui e tocar a vida.

Enquanto viaja em pensamentos, Rômulo Andrade, dezessete anos, recosta seu rosto no vidro do ônibus quase vazio e observa a paisagem chuvosa da ponte do Brooklyn e se encolhe para se aquecer o máximo que pode com o casaco que conseguira comprar naquelas condições.

Os outros passageiros do ônibus eram um casal de bêbados que fazia gracinhas e perturbavam o motorista. Esse tipo de coisa perturbava Rômulo, Não os bêbados e nem as gracinhas. “Pessoas medíocres” pensou.

Isso o incomodava muito. Detestava pessoas que não tinham uma perspectiva de vida, ele não era assim, Não era. Agora é. As últimas tragédias em sua família destruíram todos os planos que o garoto tinha para si.

Horas depois, o ônibus chega ao Central Park, parada onde Rômulo desceria e depois andaria algumas ruas até chegar à casa de sua tia com quem moraria de agora em diante. Como conhecia o caminho, o garoto decidiu pegar um atalho cruzando o Central Park, notou que mesmo naquela noite chuvosa, ele estava quieto e vazio demais.

“Nunca vai ser a mesma coisa” pensou.

Estar naquele lugar que outrora vivera momentos de felicidade, o deixava mais deprimido. Decidiu seguir, Manhattan não é um lugar tão seguro de se andar em uma noite chuvosa, deserta e escura como aquela.

Depois de passar por algumas ruas de casas todas parecidas, chegou ao endereço de número 3.638, como havia escrito em um papelzinho que levara consigo, Tocou a campainha. Depois de uma irritante demora, Rômulo vê a porta sendo aberta por uma pessoa que ele conhecia bem.

 

Betty Wacker tinha por volta de uns sessenta anos, e aparentava ser uma daquelas senhoras americanas comuns, exceto pelo fato de que em noites chuvosas como aquelas, costumava olhar para o céu através da janela, enquanto se aquecia na lareira da sala.

Depois de entrar, Rômulo tirou o casaco que estava molhado e enxugou os cabelos ruivos em uma toalha que a tia lhe dera.

– Manhattan não é um lugar tão ruim, apesar de noites com essa. – Betty tentou, sem sucesso, animar o rapaz. Não era Manhattan que o incomodava, era a vida.

– Só quero dormir um pouco, tia, a viagem foi cansativa. – disse o rapaz, forçando um sorriso desanimado.

– Seu quarto fica subindo as escadas, filho. – disse, apontando a direção. – E esses cabelos vermelhos? – brincou.

– Pois é, eu pintei. – disse Rômulo, subindo as escadas, enquanto era observado pela senhora Wacker.

Depois daquela “conversa”, nenhum diálogo fora escutado naquela noite.

[…]

Em algum lugar desconhecido

– Abram os olhos, senhores cujo destino é subjugarem a raça humana, ergam-se!

Em um lugar onde o silêncio e as trevas eram absolutas, uma voz rompeu o silêncio. Era feminina e que ao mesmo tempo causava medo e atração.

– O último selo está morto, venham e façamos surgir o reinado de nosso senhor.

Aos poucos, o lugar ia sendo iluminado e as coisas tomavam forma graças a uma luz que vinha de um céu não parecido com o nosso, mas apenas de cores preto e branco.

A dona da voz era uma mulher de beleza misteriosa. Cabelos negros, olhos verdes penetrantes, escondidos detrás de uma máscara negra que deixava fora apenas sua boca de lábios vermelhos como sangue. Ela estava sentada em uma cadeira de pedra que mais parecia ter sido construída de ossos.

– Saiam das sombras e venham ocupar lugar entre os vivos! – ouvindo a ordem da mulher, três criaturas saíram do meio das trevas em que estavam e aos poucos tomaram formas, revelando-se seres monstruosos.

– Senhora Pandora! – disse uma criatura baixa e gorda, de pele esverdeada e vestida com uma armadura simples. Ele andava devagar como se tivera acabado de despertar de um longo sono. – Aqui estamos.

Os três seres se ajoelharam diante da mulher vestida com uma armadura negra que valorizava suas curvas femininas.

– Doce senhora da morte, pelo que vejo o exército ainda não despertou completamente. – bradou um monstro de armadura dourada que cobria todo seu corpo.

– Não importa. Aos poucos o exército de nosso senhor ressurgirá e tomará o mundo dos humanos.

A luz revelou ainda mais o lugar onde estavam que se revelou ser um grande castelo cinzento, completamente feito de pedra que, por todas as partes, estavam estátuas de seres monstruosos.

A mulher fez surgir uma espada negra em sua mão, ergueu-a e bradou:

– Em nome de Nexus, Senhor das trevas, o mundo dos homens vai cair! – olhou para o ser de armadura dourada: – Envie os golens.

– Sim, minha senhora. – a criatura curvou-se e se retirou, voltando para as trevas.

[…]

Casa da senhora Wacker

De manhã, no dia seguinte, Rômulo estava acordando aos poucos. Sentou-se na cama, esfregou os olhos e olhou o quarto ao seu redor. Lembrou-se de onde estava, mas decidiu que aquilo não lhe incomodaria naquele dia. Alguns minutos depois, desceu as escadas e foi até a cozinha, onde a senhora Wacker vestida com um avental cor-de-rosa preparava o café da manhã.

– Bom dia! – disse o rapaz, vestido apenas com uma camiseta branca e um calção azul. Deu um sorriso que naquele dia era sincero.

– Bom dia, filho! – a senhora Wacker respondeu, enquanto assava panquecas para o café. – Vejo que hoje terei um ratinho na mesa.

– Putz. A senhora ainda lembra disso? – o ruivo deu um sorriso tímido por ela ter lhe chamado do apelido que tinha ganhado quando criança, pelo fato de que quando sorria, seus olhos ficavam apertadinhos e que sua pele era branca e em situações como aquela ficava vermelha.

Rômulo sentou-se a mesa e admirou o belo café que sua tia lhe tinha preparado, antes de começar a devorá-lo.

A senhora Wacker nunca foi rica. Sua casa não era grande. Pelo contrário, era simples, porém, aconchegante. E em sua situação financeira, aquele café mais parecia um banquete.

– Tudo isso é pra mim? – disse, enquanto colocava o primeiro pedaço de pão na boca.

– Você precisa se alimentar. – a senhora sentou-se a mesa também. – Manhattan vai devorá-lo se você não for forte.

– É só um bairro qualquer… – o garoto abaixou a cabeça.

– Já está na hora de começar a viver, menino. – disse Betty Wacker, enquanto tomava café em sua xícara branca com flores vermelhas não muito importantes. – Seus pais tinham planos para você. Eles se foram. No final, quem decide é você.

O ruivo levantou a cabeça e a olhou nos olhos. O olhar penetrante de sua tia o intimidou e o fez olhar para os lados.

– Tudo bem se eu for ver o Karl?

– Ele não mora mais em Manhattan.

– Pra onde ele foi?

– Não sei. Não acha uma ideia melhor procurar um emprego?

– É sábado. Ninguém procura emprego nos sábados. – Rômulo levantou e se dirigiu a porta. – Estou indo no Central Park. – a senhora Wacker viu o rapaz sair e fechar a porta.

– As pessoas procuram empregos todos os dias quando é a sua vida que está em jogo, rapaz. – olhou para a xícara e tomou mais um gole.

[….]

Rômulo andou pelas ruas de Manhattan. Era quase impossível que aquele lugar não o fizesse se lembrar de quando ele andava lá segurando na mão da mãe, pois seu pai sempre estivera muito ocupado fazendo seja lá o que for que ele fazia.

Ele passou por muitas pessoas, andavam muito ocupadas, vivendo a sua vida, para reparar no momento nostálgico em que o rapaz estava. Entre as pessoas que viu, um casal de jovens em especial chamou a atenção de Rômulo: o rapaz vestindo um sweater de cor preta, cabelos negros penteados como os de um executivo e uma moça de vestido rosa e cabelos castanhos. Eles passaram por Rômulo um a sua direita e o outro a sua esquerda. Ambos olharam no rosto de Rômulo por alguns instantes e depois seguiram.

O garoto observou o casal partir por alguns instantes e depois seguiu seu caminho.

O dia estava ensolarado, mas isso não impedira que Rômulo cumprisse sua mania de colocar o capuz de seu casaco vermelho sobre a cabeça. Algum tempo depois, ele chegara ao Central Park. Sentou-se em um banco e olhou as pessoas.

Enquanto fazia isso, ele pode ver todo o tipo de pessoa que passava lá aquele horário da manhã. Famílias, casais de namorados, crianças brincando, turistas, pessoas atrasadas para o trabalho.

Depois de um tempo, Rômulo fica entediado e decide acessar as redes sociais pelo celular. Ele coloca os fones de ouvido, conversa com alguns amigos, vê fotos de pessoas do lugar onde morava.

De repente, o rapaz percebe uma estranha movimentação de pessoas. Não somente crianças, mas adultos também, corriam todos em uma mesma direção como se fugissem de alguma coisa. Ele tirou os fones e se da conta dos gritos de desespero vindos de todas as partes. Levantou-se e virou para trás, direção de onde vinham todas as pessoas. Abriu a boca, ia dizer algo, mas emudeceu e deixou o celular cair ao chão.

Naquele momento, Rômulo não saberia dizer o que era aquele sentimento que o deixou mudo, fez suas pernas tremerem, seu coração gelar e seu corpo ficar imóvel. A visão que tivera era de criaturas que sumariamente eram monstros humanoides feitos completamente de pedra, como se fossem um monte de entulho de um metro de sessenta com braços e pernas. Eles perseguiam as pessoas, derrubavam árvores e destruíam os bancos da praça. No momento, o medo não o permitira contar, mas tinha por volta de uns cinquenta deles.

Ele provavelmente ficaria ali parado e seria pego pelas criaturas se algo não tivesse chamado a sua atenção. Uma pequena garotinha de vestidinho azul, cabelos castanhos cor de mel que estava caída ao chão gritando desesperada, possivelmente havia tentado fugir dos horríveis monstros, tropeçado e caído. Rômulo não iria salvá-la, ele não era assim. Nunca quis brincar de super-herói e nem gostava de ajudar as pessoas.

O seu primeiro impulso foi de virar para trás e correr para fugir dos homens de pedra. Porém, ele não se sentia normal, e afinal, com toda a razão, pois aquele não era um dia normal. Ele não saberia dizer de onde tirara forças para fazer aquilo, mas saltou no banco a sua frente, jogou seu corpo sobre o da menina e ambos rolaram no chão para fugir da tentativa de esmagamento da parte de um daqueles seres estranhos.

Rômulo levantou-se do chão e com o punho fechado, desferiu um soco no monstro que de nada funcionou a não ser para machucar a mão do próprio garoto. Vendo que agir como “salvador da pátria” não daria certo, ele tomou a mão da menina e tentou correr para longe, coisa que daria certo se não Rômulo não tivesse machucado a perna durante o seu salto heroico. Mais uma vez caído ao chão, o ambos teriam sido mortos se outro fato anormal daquele dia não tivesse acontecido.

Um clarão foi visto em grande parte da extensão do lugar e, de repente, um dos monstros foi atingido no peito por duas espécies de lanças azuis que mediam cerca de um metro cada e tinham três pontas em cada lado. O ser atingido caiu imediatamente e voltou a ser apenas um monte de pedras inanimadas. Rômulo aproveitou a distração dos monstros e tentou fugir mais uma vez. Antes que pudessem correr para perseguir os dois, três dos que tentavam atacar Rômulo e a menina foram cortados em pedaços por um clarão amarelo que passara.

Rômulo caiu sentado e viu os seres destroçados voltarem a serem pedras inanimadas caídas ao chão. Ele segurava a menina nos braços, enquanto ambos faziam caras de susto e admiração diante daquela situação atípica. Aos poucos, ele foi recobrando a percepção das coisas e então viu quem havia feito aquilo.